Texto : Fabrício Carpinejar
para a Radio Gaúcha em 12/07/2013
Minha secretária chegou no trabalho chorando um dia desses.
para a Radio Gaúcha em 12/07/2013
Minha secretária chegou no trabalho chorando um dia desses.
Sua filha
tinha saído de casa sem se despedir.
Sua filha
tinha pego todas as suas coisas enquanto ela estava comigo.
Sua filha não
deixou nem um bilhete.
Sua filha
aproveitou a ausência para chamar o caminhão de mudança e fazer o frete em
segredo.
Sua filha
limpou os armários e o quarto. Como uma ladra. Como uma desconhecida
Sua filha foi morar com o marido e não deu um único abraço de tchau.
Sua filha foi morar com o marido e não deu um único abraço de tchau.
Toda uma vida
sendo cuidada, sendo sustentada, sendo alimentada, sendo amada e nem um beijo
de despedida.
Nem um pedido
de desculpa, nem um pedido de agradecimento.
Nem um aceno
de mão na janela.
Custava
esperar a mãe voltar do serviço, custava explicar o que estava acontecendo,
custava olhar nos olhos antes de seguir seu caminho?
Não há nada
mais triste do que ser abandonado pelos filhos.
Os filhos
pensam que os pais estão contra eles.
Os filhos
pensam que os pais aguentam qualquer coisa.
Os filhos
pensam que os pais superam tudo.
Os filhos
pensam que os pais já estão ultrapassados.
Os pais só pensam diferente, mas continuando amando igual.
Por mais que
doa, ninguém se torna adulto sem aprender a se despedir.
Toda mãe merece o adeus do filho.
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